Pátria, esta ditosa minha amada

No passado dia 5 de outubro de 2020, muitos Portugueses - a maioria aliás - celebrou a implantação da República que se deu à 110 anos atrás pelas mãos de algumas forças armadas convictas nos ideais republicanos e uns quantos revolucionários que julgavam que a Monarquia Constitucional já não servia e que os interesses do país ficavam em banho maria face aos luxos da Monarquia Constitucional em geral e do reinado de El-Rei D. Carlos I em particular.


Muito bem vindos, meus estimados leitores, a mais um artigo. Como já entenderam, o assunto que hoje tratarei tem por base a implantação da República.
rés publica, que do latim significa " a coisa pública ", é, segundo alguns teóricos, a grande e ultima forma democrática existente, onde o representante máximo da nação é eleito para um mandato de 5 anos com possibilidade de renovar por mais 5 anos esse mesmo mandato. Não foi algo inventado do nada. Roma, por exemplo, antes de se tornar um grande Império também foi uma Republica, pelo que esta ideia já existe há mais tempo do que muitos podem imaginar. 
Já a monarquia… também é democrática. A única grande diferença, se formos olhar as Monarquias Europeias com os modelos de republica existentes na Europa e na América é que o representante máximo da Nação é, desde tenra idade, educado para amar a nação e fazer de tudo o que ao seu alcance estiver para zelar pelo bem dos cidadãos e o cargo em si é hereditário. Isto, claro está, olhando como exemplo a seguir as democracias de tipo ocidental.

Mas então... se ambos os regimes são democráticos, porque se mudou de regime em 1910?

Podemos dizer que tudo começou em 1890. 
Portugal, fazendo-se representar pelo ministro dos negócios estrangeiros José Vicente Barbosa du Bocage, apresentou na famosa conferencia de Berlim o tão celebre mapa cor-de-rosa, que consistia na ideia de ligar os territórios de Angola e Moçambique, ideia essa muito bem aceite por todos os países em geral. 


Julgando ele ter obtido uma grande vitória para Portugal na conferencia, este vê-se confrontado com o ultimato Inglês que chegara dias depois e que iria por a Monarquia a correr contra o tempo. 
Os ingleses, à margem do tratado de Windsor - a mais velha aliança comercial e militar do mundo - ameaçaram Portugal com a guerra se nós não tirássemos as nossas tropas do território entre Angola e Moçambique, cobiçado pelos ingleses e que lhes daria controlo do norte a sul do continente.
A marinha real britânica tinha um arsenal militar, ora em materiais de guerra, ora em soldados, muito superior e melhor preparado que o exercito Português.
Obviamente que Sua Majestade Fidelíssima, D. Carlos, ao ver-se confrontado com tal dilema, teve de decidir se entraria em guerra diretamente com os Britânicos e era derrotado ou se mantinha a paz e não colocava a pátria e a vida dos Portugueses em jogo.
Dita-nos a história que El-Rei abdicou dos territórios previstos pertencerem a Portugal, uma decisão sensata mas que hoje poucos valorizam, à semelhança da época, onde acentuaram-se os movimentos de contestação ao Rei que muitos julgaram ter rebaixado a pátria e o povo perante o Império Britânico.

Somando isto ao deficit que ultrapassava o PIB - tal se devia ao investimento que houve nas principais cidades por parte do Estado - à corrupção por parte de membros do governo, aos luxos levados a cabo pela família real e a comentários alegadamente ditos pelo Rei contra a pátria ( " Lá vamos nós para a piolheira", alegadamente dito por D. Carlos após uma viajem a Paris ) levaram a que o rei fosse assassinado por um louco no paço real.
Em suma, com o povo a ficar descontente, as sementes para a queda de um regime por si só fragilizado estavam lançadas.
Após dois anos do reinado de El-Rei D. Manuel II, O Patriota, derivados da morte do seu pai e do seu irmão, o Príncipe herdeiro D. Luís Filipe, a republica é instaurada, por meio de um golpe e a família real é forçada a ir para o exilio - D. Manuel queria ficar em Portugal - e permaneceu assim até ao regresso dos herdeiros Miguelistas a Portugal.
 
Atuais herdeiros ao trono; ramo miguelista; D. Duarte Pio e D. Afonso

 Posto tudo isto, o certo é que a República triunfou e até hoje vivemos num regime semipresidencialista, mesmo com alguma contra revoltas Monárquicas, mas isso não abalou a moral republicana. Mas hoje, em pleno século XXI, a questão Monarquia vs. Republica ainda se mantem?

Claramente que não, não por vontade do povo, mas sim pela falta de afirmação por parte dos movimentos monárquicos que se conformaram com o atual regime, infelizmente, diria. A culpa de a Monarquia ter perdido a força é exclusivamente dos monárquicos, pois estou certo que, dado o estado da nação nos tempos de hoje, uma alternativa ao que nos governa deveria existir. Temos um presidente da republica que mais parece um fantoche do governo, um governo que faz o que quer e bem lhe apetece, o povo descontente… os monárquicos têm tudo para mostrar uma alternativa e garantir aos Portugueses algo que um presidente falha quase sempre: um governo à altura do que Portugal precisa.

A Monarquia caiu contra a vontade da maioria, mas a república continua ligada às maquinas, minada de corrupção e afastada dos cidadãos.

Dito isto, termino.

No passado dia 5 de outubro, os Portugueses celebraram a republica, mas esqueceram-se do mais importante. Os 877 anos desde a fundação de Portugal.

Este lindo país, cheio de história e cultura, com uma das mais belas línguas que o Homem alguma vez ouviu, celebra 877 anos de vida e ninguém realçou isso. Para haver republica, ou monarquia, teve de primeiro ser criado Portugal. Para o regime político existir, teve de ser criado Portugal... 

Saúdo a Pátria, esta ditosa minha amada, pela sua longa vida. Recordo Pessoa ao ambicionar o V Império e, estejamos nós numa republica ou monarquia, lutarei para elevar a minha pátria à glória que ela merece.

19.10.2020

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