Os moderados (não) são os novos apátridas.

 Ao passo que a Europa caminha a passos largos para o potencial desabamento do projeto Europeu, os países membros têm de começar a olhar mais para dentro e procurar clarear a população que vive cada vez mais na sobra do medo e da incerteza, dando azo ao crescimento de forças políticas extremistas que tentam colocar os moderados encostados à parede. Nós não podemos permitir isso.

Se Marine Le Pen - lider da extrema-direita Francesa - ou Salvini ( Itália ) ou Orban ( Hungria ), entre outros, não fossem um problema por si só no que diz respeito à manutenção e respeito pela democracia liberal, a liberdade e até mesmo quanto à continuação do projeto Europeu, então esta minha opinião não teria razão de o ser. Contudo, o fenómeno encabeçado por Le Pen a nível Europeu e por Ventura a nível nacional faz com que os moderados encontrem-se cada vez mais a ser postos de parte ou então encarados como mansos que seguem o fluxo de opiniões vindo do inimigo que se encontra do outro lado da bancada.

O mais recente caso demonstrativo desta polarização de opiniões foi precisamente o acordo PSD-CHEGA, na formação do governo regional dos Açores. Vi de tudo, ataques e mais ataques, alguns deles tão agressivos verbalmente que assemelhar-se-iam ao apedrejamento em praça pública, que no fim não mataram ninguém que não o Bom-senso e não feriram ninguém exceto a própria democracia. Ora vejamos o que realmente aconteceu: A Direita conseguiu maioria nos Açores, tendo o PSD, o CDS e o PPM criado uma coligação inspirada nos tempos da AD, mas como essa maioria não garantia a maioria parlamentar, o PSD reuniu com o Chega particularmente de forma a garantir que estes não deixariam cair o governo, assim como fez com a IL. Ou seja, uma coligação entre tês partidos e acordos com dois partidos de forma a garantir que o Gov. regional se mantinha de pé.  ´

Sucede que por parte da extrema-esquerda liderada pelo BE e por uma grande parte do PS, o PSD, CDS, PPM e IL tornaram-se como que por magia em perigosos fascistas... 

Verdade seja dita, partilho da opinião de que não se deveria ter dado ao chega a importância que o PSD quis dar para tentar justificar a sua ação. O Chega não iria nunca aprovar um OR vindo do PS, pelo que a ideia de chumbar um OR do PSD era pedir à esquerda para sair reforçada a nível parlamentar, coisa que não convinha ao partido de Ventura.

A realidade é que os extremos alimentam-se. O BE alimenta o Chega e vice-versa

Então, o que resta? Se nos encontramos num mundo polarizado, onde os moderados cada vez mais estão a ser ostracizados para dar lugar aos extremos políticos, para onde devemos caminhar?

Estas questões levam-me a responder à parte final do preâmbulo deste artigo. A população Europeia em geral e nacional em particular está perdida, não sabe o que fazer. Encosta-se aos que têm o poder na mão ou aos extremistas de forma a encontrar um líder que diga o que fazer para salvar o país... uma estratégia velha, mas eficaz. Culpar alguém pelos males da nação e polarizar as suas posições afirmando: " Se pensas assim, então és fascista " ( ou comunista ) é a moda e apenas os democratas, sejam eles conservadores, liberais ou sociais-democratas podem responder corretamente aos problemas do mundo moderno sem deixar o extremismo levar a sua avante. Não basta negar, temos de rebater os argumentos e desconstruí-los letra-a-letra de forma a explicar o verdadeiro ideal por detrás da ideia vinda do extremismo Bloquista ou Cheguista.

Em França, Le Pen está a subir acentuadamente nas sondagens e o que mais vemos são pessoas a votar nela, não por concordarem com o que a Extrema-Direita francesa diz, mas porque vêem nela a segurança que precisam. O mesmo está a ser aplicado em Portugal. Mas nós temos de agir tão agilmente quanto possível. 

São estes lideres, como Le Pen, Salvini, Ventura, Orban, Abascal, entre outros, que colocam o projeto Europeu em risco, neste momento, um projeto único capaz de atrasar o crescimento dos extremismos. Mas esse muro não durará para sempre, pelo que, pelo bem das nações e do projeto Europeu, temos de encontrar as vozes capazes de salvar a Nossa Europa em geral e o Nosso Portugal em particular. 

A direita moderada e democrática precisa de lideres carismáticos, assertivos e que sabem de onde vieram e para onde querem ir. A Iniciativa Liberal mais do que oferecer, garante isso, sem recorrer aos medos semeados e ao nacionalismo exacerbado promovido pelo Chega que levará ao extermínio das liberdades individuais que só há 45 anos atrás com o 25 de novembro ficaram consolidadas. Um líder já está, falta o PSD e o CDS, dois dos fundadores da nossa democracia, encontrarem os seus lideres e os seus projetos. 

25 de Nov. de '75


Os moderados não são os novos apátridas, mas se não resistirem e atacarem os extremos onde mais lhes dói, então corremos o risco de ver o radicalismo de direita ou esquerda tomar o poder e transformar a pátria livre que os nossos pais e avós nos fizeram herdar numa ditadura. Para lidar-mos com a Extrema-Esquerda, temos de primeiramente estancar a Extrema-Direita e por fim às ameaças que estes ( Chega e BE ) representam para o bem geral da nação. 

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